Comentários Sobre “High Noon” (Matar ou Morrer)

Não sou muito conhecedor da sétima arte, mas recentemente, por motivos que desconheço, resolvi escrever alguns comentários — que não vou ousar chamar de crítica ou review — sobre alguns filmes que tenho assistido.

O primeiro não foi High Noon, mas é o único que ainda tenho guardado. Postei originalmente no facebook.

Segue o texto:

Western em preto e branco lançado em 1952, High Noon merece o reconhecimento que tem dentro do gênero. A história mostra o delegado Will Kane (Gary Cooper) que no dia do seu casamento, quando já havia entregue a estrela de volta para a cidade, descobre que um notório bandido que ele mesmo havia prendido cinco anos atrás, estaria de volta à cidade no meio dia. Incapaz de deixar para trás o que acredita ser seu dever, Kane tem pouco mais de uma hora para preparar-se. Ao fim do prazo, Frank Miller (Ian MacDonald), junto aos seus capangas buscarão sua tão aguardada vingança.

Não se pode negar que a coisa mais acertada que o diretor Fred Zinnemann arquitetou para o filme é a forma de lidar com o tempo e como essa pressão afeta o personagem. Querido na cidade e com muitos amigos, Will Kane logo descobre que dessa vez ninguém parece ajudá-lo no tiroteio que se aproxima. Os vários relógios mostrados na cidade servem para lembrar ao personagem – e também ao público – que o tempo está acabando e que algo precisa ser feito. Usar uma passagem de tempo próxima da realidade, e sempre mostrar quanto falta para o meio dia através dos relógios, é a coisa mais marcante. A atuação de Gary Cooper também faça jus à história, e certamente merece o prêmio que recebeu, pois a cada cena, a cada nova recusa, sem nunca dizer isso, Will Kane vai ficando mais ansioso e sem esperanças. “Vá embora da cidade, Will” sugeriu mais de um de seus amigos, mas ele nunca conseguiria fazer isso.

Apesar de ser um Western, não dá para negar que existe um tratamento um tanto quanto Noir na trama. Não é a questão do preto e branco, mas a forma como todos se afastam do protagonista tão logo têm a oportunidade e como isso mostra quem realmente são. Amigos de longa data de Will Kane convencem outras pessoas a não ajudarem contra Frank Miller porque isso seria ruim para a economia da cidade. Ninguem quer que Kane morra, como, aliás, é dito por um personagem, mas cada um cuida de seu próprio assunto e considera que fez o suficiente em pedir para que o ex-delegado simplesmente vá embora, mesmo sabendo que ele não o fará e morrerá nas mãos de criminoso e seus capangas.

Além disso, é preciso destacar também a trilha sonora, que consiste principalmente em uma música criada para o filme que conta um pouco dos sentimentos tanto de Kane quanto de Miller, dando uma oportunidade de mostrar um pouco deste personagem tão importante e que só aparece nos momentos finais do filme. E são esses momentos finais que se caracterizam como a melhor parte do filme. As ruas vazias, um xerife solitário e a impressão que o apito do trem de meio-dia traz à cidade é o ponto alto do filme.

Não se contentando em ser um ótimo filme, High Noon também merece gratificações por ter introduzido Lee Van Cleef no cinema e nos westerns. Tendo um papel menor nesta obra de Zinnemann, o ator só fez crescer dentro do gênero e a atuou em mais inúmeros tiroteios. Apesar de Clint Eastwood ser a estrela da trilogia do Homem Sem Nome, os filmes não seriam o que são sem a interpretação que Van Cleef fez do pernicioso Angel Eyes e do justo e paternal Coronel Douglas Mortimer.

Nota 9

Renan Barcellos, que não estava bebendo nada

e que, embora não fosse noite, escrevia coisas pelo menos um pouquinho infames.